Smartphone por que você ainda vai ter um?



Os setores ligados à tecnologia apresentam uma impressionante capacidade de se reinventar. Ao menor sinal de estagnação nas vendas, um novo produto, um design mais arrojado ou uma tecnologia revolucionária funcionam como uma poderosa vitamina para esses mercados. Foi assim com as TVs de tela plana, que surgiram quando os antigos aparelhos de tubo já não seduziam os consumidores. Foi assim também com os notebooks, responsáveis pelo revigoramento nas vendas de computadores pessoais. Agora, chegou a vez dos telefones celulares. Timidamente a princípio, e com mais vigor nos últimos dois anos, os chamados smartphones passaram a mobilizar os maiores esforços dos fabricantes de aparelhos de telefonia móvel.
Nenhum deles está alheio a essa onda. Há menos de um mês, a Apple lançou, com o estardalhaço de sempre, a nova versão do iPhone, o 3GS - e vendeu um milhão de unidades em dois dias. A Palm vem provocando uma agitação inédita entre os consumidores com o Pre, um aparelho aclamado pelo público e pela crítica, que pode recolocar a empresa no palco da telefonia móvel. Até mesmo marcas como LG, Samsung e Sony Ericsson, reticentes em incluir esse tipo de equipamento em seu portfólio, se renderam à pressão do mercado e lançaram seus modelos de smartphones. Há um bom (e velho) motivo para que tantos fabricantes se movimentem ao mesmo tempo na direção dos smartphones: parece que os consumidores já não podem viver sem esses equipamentos. Quem tem, não larga. Quem não tem, sonha em ter. "O sonho do consumidor é carregar no bolso um aparelho que ofereça as funções de um notebook. E isso o smartphone já faz", afirma Edwin Estrada, gerente sênior de desenvolvimento de negócios da Apple.
Os números comprovam forte migração dos usuários rumo a esses modelos. De acordo com o instituto de pesquisa Gartner, as vendas globais de telefones móveis caíram 9,4% entre janeiro e março de 2009, para 269,1 milhões de unidades, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, as vendas mundiais de smartphones no primeiro trimestre cresceram 12,7%, com 36,4 milhões de aparelhos comercializados. No Brasil, a comercialização de smartphones aumentou 11% no primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano anterior, enquanto o mercado em geral desabou 37%, segundo a Anatel. De acordo com a empresa de pesquisa GfK Retail and Technology, os smartphones já representam 3% das vendas totais de aparelhos celulares no País e são responsáveis por aproximadamente 8% do faturamento da categoria - ou seja, são produtos de maior valor agregado, o que estimula o investimento das empresas nesse segmento.
Ninguém sabe ao certo quando surgiu o primeiro smartphone. Há quem fale que foi há dez anos. Outros garantem que seu nascimento ocorreu há apenas quatro anos. Mas há uma espécie de consenso em relação à data e à hora em que ele se tornou um produto de massa. No dia 29 de junho de 2007, quando o iPhone chegou ao mercado, o termo smartphone foi incorporado pela primeira vez ao vocabulário de pelo menos dois milhões de pessoas - contando apenas as que compraram o telefone da Apple num primeiro momento.
Nunca o lançamento de um celular causara tanto alvoroço. O efeito iPhone propagou uma corrida inédita de consumidores em busca dos recém-descobertos celulares inteligentes. Em 17 de novembro de 2008, outro estímulo para a compra desses aparelhos veio da boca de um dos homens mais populares do mundo. Naquele dia, Barack Obama comprou uma boa briga pública para defender seu aparelho de telefone. "Não vou me separar dele, se for eleito", garantiu o então candidato. O aparelho conquistou diversas personalidades do mundo da política e dos negócios (leia os depoimentos ao longo da reportagem).
Foi o mais forte sinal de que o smartphone caminhava celeremente para se tornar um produto de consumo. A entrada de novos players nesse mercado contribuiu para o surgimento de uma categoria de smartphones com preços mais acessíveis. Um Blackberry chegou a custar no Brasil R$ 2,7 mil. Hoje, encontra-se um modelo por R$ 1,5 mil. No passado, o que diferenciava um celular de um smartphone era basicamente sua função de envio de e-mails e acesso à internet. Pelo seu tamanho e complexidade de manuseio, o público-alvo desses aparelhos era o segmento corporativo e os fascinados por tecnologia. Hoje, além de um telefone compacto, um smartphone pode substituir as funções de um tocador de música, uma câmera digital, um GPS e até um computador portátil, o que atraiu a atenção do consumidor final. A chegada do iPhone ao mercado foi decisiva para essa transformação.
A Apple revolucionou ao lançar o primeiro aparelho com tela touchscreen, com uma interface amigável - funções que conquistaram de imediato o consumidor e que foram copiadas pelas concorrentes. "O iPhone ajudou a massificar o mercado de smartphones", reconhece Rodrigo Byrro, gerente de produtos da HTC América Latina. "Nossas vendas cresceram assustadoramente depois que ele entrou no mercado." De fato, o iPhone tornouse a grande referência entre os smartphones e o produto a ser copiado. "As cópias do iPhone significam um elogio para nós", diz Estrada, da Apple. "Mas o que diferencia um equipamento do outro é o software, a alma do smartphone, e neste quesito somos imbatíveis." No segmento da tecnologia, no entanto, não existem sistemas imbatíveis. Foi o que provou a Pal

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